Dicas para cultivar saúde emocional em relacionamentos não monogâmicos

Ou como não ser uma pessoa liberal tóxica

Aline Almeida
3 min readSep 5, 2020
Photo by Dan Meyers on Unsplash

Vivenciar uma relação aberta é uma salada de frutas sentimental, sejamos sinceres. Se você teve contato com a não monogamia em algum momento (direta ou indiretamente), já deve saber disso e também ter notado que nem todos esses sentimentos são exatamente fáceis.

Ciúmes, medo, tristeza, culpa, desespero, felicidade, amor, euforia, esperança, negação do afeto, satisfação, paixão e motivação são alguns exemplos de sentimentos que você pode experienciar ao decidir ser mais liberal na sua vida amorosa.

Percebeu que nem todos os sentimentos que listei acima são considerados positivos, né? E é isso mesmo: emoções intensas, novas vivências e uma diversidade de sentimentos (bons e ruins) fazem parte de um relação aberta também. Então, se achou que não monogamia era só satisfação, boas experiências e harmonia, suruba, namastê, amor livre e os caralio, talvez eu traga uma notícia ruim pra você, bb: NÃO É.

A vida não é feita apenas de coisas boas, nem tudo é iluminação e realização, às vezes é só projeção, negação ou sexualização exagerada, ou um tanto de outros comportamentos que são bosta, mas a sociedade normaliza.

Essa parece uma afirmação óbvia, mas se pensarmos que a maioria de nós cresceu em lares cristãos tradicionais e não tem o hábito de investir tempo e dinheiro em educação sentimental, não precisa ser muito inteligente para chegar à conclusão de que existe uma grande chance de que muita gente ainda não entendeu que ficar na bad faz parte, aceitar e elaborar essa bad, pra mim, que é o pulo do gato.

Aceite que sentir-se mal e inseguro vez ou outra faz parte da vida, até o Karnal já entendeu isso, gente.

Não monogamia não é vocação divina, mas sim uma escolha. Pelo menos, pra mim é muito sobre repensar paradigmas e fazer disso um modo de descobrir o que é saúde emocional, no final das contas.

Então, se optou por seguir um caminho diferente daquele ensinado no “conforto” do lar da família tradicional, mas tem dificuldades para lidar com a enxurrada de sentimentos que essa escolha traz a você, segue o fio, que eu vou dar três dicas para que saiba lidar com a não monogamia sem ficar doido e, o mais importante, desenvolvendo sua inteligência emocional:

1. Seja gentil com si mesme

A pessoa manipuladora, medrosa e culpada que você sabe ser também merece seu amor.

Acolha inclusive a sua sombra, aceite o fato de que você tem raiva, ou traços de dependência emocional, ou daddy issues, ou mom problems; admita que nem sempre você é tão desapegado e desconstruído como gostaria, bb.

A sombra é tudo o que foi negado, reprimido ou ainda permanece desconhecido pelo indivíduo e está recalcado — ou seja, reprimido — em seu inconsciente. (link)

2. Anote suas emoções e sentimentos

Sabe aquele dia que seu parceire sai com alguém e você não se sente emocionalmente estável? Então, é nesse dia mesmo que você deve se dedicar ao autoconhecimento. Pega uma taça de vinho, um caderninho, uma caneta e vai ter um momento só pra ti, escreve o que sente e como achar que deve.

Se preferir, canaliza essa energia em sexo também. Mas se me permite dar uma dica baseada em experiência própria: antes uma noite sozinhe que um date péssimo, migue.

3. Converse sobre suas dificuldades emocionais

Joga luz nessa escuridão, amore, chega de se influenciar com os conselhos nem um pouco imparciais dos migues.

Converse com seu companheire (ou companheires, se opta por envolvimento emocional também fora da relação “principal”), mas principalmente dialogue com si mesme e com um psicólogo, pois ele pode ajudar você a se entender melhor, descobrir seus valores, decidir o que é melhor para o seu bem-estar emocional; perceber comportamentos tóxicos.

Às vezes admitir que se é um serzinho de trevas é a melhor forma de entrar em contato com a tralha toda no inconsciente.

Se não puder investir em terapia, consuma conteúdos que te ajudarão a ressignificar antigas ideias sobre saúde emocional, família e monogamia.

A Maria Homem tá doida pra te contar coisas que vão te fazer repensar a sua pseudomaturidade emocional.

Mudar a forma como você se relaciona é mudar a forma de entender o mundo e o outro, portanto, recorrer a comportamentos que aprendeu na sua casa, com amigos, no rolê ou nos filmes nem sempre é a melhor ideia.

Construir novos valores, aceitar afetos, respeitar individualidades (inclusive a sua) e não ser consumido pelo processo não é impossível, mas exige comprometimento e responsabilidade com si e com os outros; quanto mais ler conteúdos que te ajudem a entender tudo isso, mais fácil o processo se tornará.

E ai, gostou do conteúdo? Se sim, dá quantos claps achar que deve, porque aqui o amor é livre e os claps também.

Beijos no coração.

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